Publicado em: 31/10/2023 13:13:57
Atualizado: 31/10/2023 13:31:07
A intenção destes escritos é a organização do pensamento para que se tornem algo além de meros devaneios. Partindo da questão “Que esperamos?”, vou tentar dar sentido ao texto como um todo, porém, antes, algumas definições serão necessárias para esclarecer a compreensão do que será discutido e outras serão fornecidas conforme o desenrolar dos raciocínios.
Tentar entender o que nos desmobiliza para a ação coletiva que nos foi historicamente dada, analisando tanto a situação local quanto global que determinam a urgência da atitude e o abandono do pensamento de que podemos trabalhar tranquilamente por uma revolução que virá, provocando também o leitor a pensar criticamente sobre esta lacuna temporal entre o agora e a solução dos problemas, que é sempre no futuro, pessoalmente não sou muito otimista nesta questão, acredito que temos muito menos tempo para agir do que gostaríamos de admitir.
Dinâmica das relações produtivas da sociedade atual, onde alguns poucos indivíduos são proprietários dos meios de produção enquanto a grande maioria depende exclusivamente da venda da sua força de trabalho.
De acordo com Oxford Languages: “sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro.”
É o conjunto de valores e ideias que sustentam a base do raciocínio e interpretação do mundo e da sociedade. Discutiremos principalmente sobre a ideologia dominante, que é o ‘modus operandi’ da sociedade, aquilo que perpassa de geração em geração e é imposta aos indivíduos em seu desenvolvimento pelas instituições e círculos sociais, como pela família e religião.
De acordo com Oxford Languages: “Ciência proposta pelo filósofo francês Destutt de Tracy 1754-1836, que atribui a origem das ideias humanas às percepções sensoriais do mundo externo.
No marxismo, totalidade das formas de consciência social, o que abrange o sistema de ideias que legitima o poder econômico da classe dominante (ideologia burguesa) e o que expressa os interesses revolucionários da classe dominada (ideologia proletária ou socialista).”.
Doutrina ideológica fortemente defendida pelo neoliberalismo, onde as vontades e direitos do indivíduo estão acima e tem prioridade às vontades e direitos do coletivo.
De acordo com Oxford Languages: “Doutrina moral, econômica ou política que valoriza a autonomia individual na busca da liberdade e satisfação das inclinações naturais”.
Argumento ideológico individualista que faz uma falsa comparação entre indivíduos, defendendo que todos partem de um mesmo ponto, com as mesmas condições e capacidades, tendo exclusivamente seu sucesso ou falha como responsabilidade própria do indivíduo, é o individualismo aplicado como forma de medição de sucesso ou fracasso de cada um.
De acordo com Oxford Languages: “Predomínio numa sociedade, organização, grupo, ocupação etc. daqueles que têm mais méritos (os mais trabalhadores, mais dedicados, mais bem dotados intelectualmente etc.).”.
ver mais em: The Invention of Individual Responsibility
Para Marx e Engels, as classes sociais são determinadas pela posição em que se encontra o indivíduo nas relações produtivas.
Dividindo a sociedade em duas classes sociais com interesses antagônicos: os Burgueses, donos dos meios de produção e o Proletário, os trabalhadores que dependem da venda da mão-de-obra. Diferentemente do que se usa como classe socioeconômica (Classe A à Classe E) pelo Censo, por exemplo, que são baseadas em condições de vida, intrinsecamente atrelado à renda familiar.
É importante salientar que a definição de classes de Marx foi desenvolvida na primeira revolução industrial, onde a produção era física, estritamente material, dependendo portanto totalmente das instalações e equipamentos das fábricas.
Hoje em dia, tanto a tecnologia quanto a economia evoluíram para grandes conglomerados e monopólios, então dizer burguês para o dono de um laboratório de análises biológicas e para os donos da Bayer, é uma comparação um tanto inescrupulosa.
Acho importante reafirmar que a exploração do 1% para com o 99% é o que devemos focar em combater e esclarecer a população.
“Que esperamos?” Se refere ao fato de que já estamos sendo alertados sobre os impactos da mudança climática por meio século e mesmo assim não tomamos as medidas que os tempos exigem para evitar a catástrofe que se torna cada vez mais iminente. Além das mudanças no meio-ambiente em questão de temperatura, dinâmica hídrica, maior intensidade e ocorrência de eventos climáticos graves, adiciono o termo químico como prefixo dado que tanto a mudança climática tem suas origens em substâncias químicas e nas indústrias de petróleo/plásticos/pesticidas e o constante envenenamento do planeta pela atividade humana. Meio século de alertas e ainda assim somos incapazes de buscar uma solução ao problema dado. Este é o fato. Agora, qual seria a explicação para este fenômeno?
Teremos que analisar diversos aspectos da sociedade para poder criticar a inércia humana frente a tamanho desafio. Também vale frisar que muitos efeitos do impacto climático não são de fato causadores primários de diversos fenômenos naturais observados, mas são sim um forte catalisador1 de tais eventos, então poderei mencionar alguns eventos em que a crítica seja claramente sobre a natureza do fenômeno, por exemplo, a ação de um vulcão, enchentes ou chuvas intensas, ciclones ou o descongelamento e desprendimento de geleiras. São fenômenos que ocorrem naturalmente no planeta, obviamente, não quero implicar que tais alterações sejam capazes de transformar o planeta Terra em um planeta alienígena ou algo do tipo, as condições materiais seguem as mesmas, porém, conforme depredamos o meio ambiente, acrescentamos condições adversas e desta forma, antecipamos tais acontecimentos seja pela desestabilização da crosta através da mineração, fracking, exploração de petróleo e quantas mais maneiras de agressão ao solo possuímos2, assim como o derretimento de geleiras devido ao aquecimento do planeta3, que já encontra-se no ponto mais quente dos últimos 125 mil anos4.
Falta clareza de qual caminho percorrer quando se trata de um problema dessa escala, e com razão, pois a sexta extinção em massa5 é um desafio inédito e colossal, o qual não existe referência anterior para embasar um plano de ações, porém ao mesmo tempo vemos que as discussões oficiais e as negociações intergovernamentais não levam aos resultados desejados ou esperados, nos perdemos6 constantemente em metodologias de medição, promovendo o net-zero para melhorar os números sem agir, mercado de carbono que não existe na prática para a grande massa, onde a população dona da terra poderia utilizar da conservação para viver e não somente da agropecuária, assim, pouco resultado é obtido, ou mesmo quando é obtido basta uma crise (política ou do capital financeiro) para que todo progresso seja desfeito.
Estamos caminhando a uma diferença de até 5,4 ºC em 21007. A meta de 1,5 ºC que é a expectativa mais otimista já não é mais uma possibilidade, temos que decidir quão perto do 5.4 queremos chegar agora.
Enquanto alguns ficam ainda mais ricos vendendo a ideia e a esperança de colonizar Marte, de fato estamos transformando a Terra em Marte e não o contrário para poder um dia vir a colonizá-lo.
Basta avaliar os impactos crescentes em diversas regiões do globo, essa já é a realidade material na qual nos encontramos, vamos desde aumento do nível do mar a cidades afundando devido à mineração8, maior frequência e força de eventos extremos9 como furacões, secas, enchentes e chuvas intensas com desmoronamentos de encostas, uma difícil distinção entre as estações do ano e seus comportamentos esperados, onde plantas já florescem em épocas distintas das que deveriam.
Sem contar a poluição extrema, condição da qualidade do ar10 e da água, com ilhas de plástico rodando pelos oceanos11, a presença de microplásticos em todas as formas de vida do planeta, no ar e nos oceanos12, assim como estão presentes nos plânctons e sobem por toda a cadeia alimentar até os humanos13. Contaminação por agrotóxicos em lençóis freáticos14, etc..
PS: Recentemente, até uma rocha plástica foi descoberta na costa brasileira, constatou-se também o desenvolvimento de um ecossistema costeiro em alto-mar, só que a costa é a costa da ilha de plástico flutuante no oceano, do tamanho da cidade de São Paulo.
Brazilian researchers find 'terrifying' plastic rocks on remote island | Reuters
The Great Pacific Garbage Patch Hosts Life in the Open Ocean | Smart News| Smithsonian Magazine
Alguns incidentes também trazem seus próprios impactos eventuais, apenas a erupção do vulcão Hunga Tonga em 2022 se estima ter afetado a temperatura global em 1,5ºC15, além de gerar um Tsunami de aproximadamente 90m de altura16, a propagação de fitoplâncton 10x o normal17, aumentando a prevalência de ácido clorídrico (HCl) e dióxido de enxofre (SO2) na estratosfera18.
Já estamos vivendo a era do êxodo climático, mortes rotineiras tentando cruzar continentes e fronteiras sem as mínimas condições de suporte, o que já é terrível por si só, porém a questão é muito maior do que isto, infelizmente, vemos exatamente a partir da revolução verde o aumento dos casos de câncer19, problemas neurológicos20, a diminuição da contagem de espermatozóides da população de todo o globo terrestre21, e o que mais não sabemos ainda?
A realidade é exatamente esta, que já mudamos o mundo, ainda só não percebemos com clareza em quê, nem mesmo se estamos adaptados o suficiente para suportar tais alterações e vale ressaltar que adaptação, evolução, são conceitos populacionais e não individuais, a ideologia polui tanto os conceitos que é muito comum ver um ar de meritocracia até nessa conceitualização da adaptabilidade, muitas vezes no universo fitness, vendendo a ideia de que o indivíduo está adaptado previamente da ocorrência, também no universo preparacionista (prepper), quando na verdade em um sentido biológico a adaptabilidade é nada mais do que a sobrevivência, a catástrofe vem e varre tudo, muitas vezes aquele indivíduo estava no lugar certo na hora certa e sobreviveu, não necessariamente estava mais adaptado ou pronto para o acontecimento.
Engraçado como lutamos e gastamos tanto na guerra contra as drogas ao redor do mundo todo e as substâncias químicas que vão nos levar à extinção são desenvolvidas e utilizadas rotineiramente pela indústria exatamente para a produção e armazenagem de alimentos (agrotóxicos e plásticos). Contra essas drogas, porque por definição são drogas sintéticas que ingerimos, não? Contra elas não existe muita preocupação.
Temos que nos atentar quando formos julgar um bolsonarista por seguir um culto antidemocrático e ainda vou mais além, termos cuidado ao criticar casos como do culto de Jim Jones, onde 918 pessoas seguiram-no ao suicídio coletivo por envenenamento, no Templo dos Povos, pois, o que seria esta fixação pela manutenção do sistema capitalista e do modo de vida consumista moderno à todo custo, senão um suicídio coletivo à longo prazo?
Os meios de produção e as dinâmicas trabalhistas mudaram muito desde o início do capitalismo. Já pude vivenciar diversas culturas empresariais, seja no ramo ambiental, produtivo industrial ou manufatureiro e terceiro setor, serviços.
Em empresas de micro, pequeno, médio e grande porte.
Pessoalmente, as melhores experiências laborais cotidianas são nas pequenas empresas onde há um contato mais próximo entre os participantes de diversas áreas de atuação, os proprietários geralmente exercem alguma atividade trabalhista na própria empresa, aproximando os donos da vivência da empresa, não chegando a ser exatamente aquela burguesia inimiga cuja vida é baseada na exploração em massa do povo, assim, vejo a pequena burguesia muito mais próxima à nossa classe de trabalhadores do que dos verdadeiros burgueses, por exemplo, um bilionário.
Nestes ambientes o tratamento tende a ser muito mais humanizado, quando há o contato próximo entre os trabalhadores de diversas áreas, entre os trabalhadores e os proprietários, etc. Há menos alienação. No geral, há um maior senso de comunidade nessas situações do que nas relações produtivas automatizadas e otimizadas das grandes empresas e conglomerados, que são os exemplos onde vemos a maior desumanização da classe trabalhadora, onde a alienação do trabalho é mais evidente, aplicando esse conceito de especialização ao modo produtivo, desde a formação acadêmica até a execução laboral no chão da fábrica.
Retirada a ideologia envolta ao empresariado como capitalistas, estes são também explorados, somente possuem certa qualidade de vida mais digna que o restante, mas seguem sujeitos a forças capitalistas maiores.
Por exemplo, na área de tecnologia, os meios de produção do pequeno burguês são internet, eletricidade, uma dúzia de computadores e telefones, analisando friamente, esse argumento cai na mesma lógica do ‘eu produzo audiovisual e tenho um computador, então sou dono do meio de produção’. Errado, vejamos em programação por exemplo, mesmo que você tenha toda a estrutura para o desenvolvimento dos aplicativos, o que acontece se a Google ou a Apple banirem seus aplicativos nas lojas? Acaba o seu negócio. Que controle do meio de produção é este?
O pequeno burguês é tão refém do grande burguês como o proletário, ele só se identifica como tal devido à ideologia, estando consciente ou não disso.
Claramente a condição de vida e a compreensão das classes sociais através do poder de compra reforça ideologicamente que os mais ricos estão do lado dos burgueses, quando não é verdade.
Tanto que nem Marx e Engels deixaram uma clara definição sobre o tema à sua época, ainda existe todo o desenrolar da sociedade e tecnologia ao longo dos últimos 2 séculos, que modificaram e diversificaram as relações de trabalho ainda mais22.
Todas estas experiências e a não permanência em uma ou outra empresa por períodos de tempo maiores a alguns anos não é apenas a minha realidade, na verdade é a realidade da grande maioria da classe trabalhadora moderna, onde já se ouve dizer em algumas áreas de atuação coisas como “o profissional do futuro terá de ser alguém adaptável23, mas primeiramente devemos começar com: adaptável à quê?
Adaptável a mudança cíclica de empresas e de áreas de atuação, sendo raras exceções os casos onde pessoas fazem carreira durante uma vida numa só empresa, por mais que ainda seja observável. Mas todos preferimos a estabilidade financeira, possibilidade de planejamento em curto e médio prazo para suas vidas e não ficar oscilando entre períodos de emprego e desemprego e entre áreas de atuação, o que aumenta ainda mais a alienação do trabalho.
Mas é como dizemos no próprio termo, somos Recursos Humanos, não?
Assim como qualquer outro recurso, a abundância de oferta trás a queda dos preços, assim que uma massa de desempregados é necessária para a indústria manter o salário mínimo no menor valor possível. O desemprego, portanto, se torna uma arma de controle do capital sobre a classe trabalhadora. Lembrando que está na definição do capitalismo do dicionário Oxford, como citado na introdução, o objetivo final da empresa capitalista é o lucro, assim quanto mais desempregados, maior o lucro, pois menor será o valor pago pela execução do trabalho, dada a condição desesperadora da massa desempregada.
Essa dinâmica da adaptabilidade é apenas uma forma de positivar uma característica ruim do funcionamento do sistema capitalista.
É como disse Richard Wolff em entrevista à Lex Fridman em seu podcast: “Grandes quantidades de pessoas perderam suas casas durante a crise de 2008, quem é o culpado? O Governo. Grandes quantidades de pessoas ficam desempregadas e ao que a mídia se refere? Ao Governo. Se eu fosse um capitalista, eu iria amar isso, eu tiro os trabalhadores de suas casas e eles não ficam bravos comigo, ficam bravos com o governo. Eu jogo milhares de trabalhadores no desemprego e eu não tenho responsabilidade alguma por colocar toda essa gente em vulnerabilidade, sem renda, e as pessoas ficam bravas com um senador, eu iria rindo todo o caminho até o banco”.24
É claramente notável com esta crise recente das lojas Americanas no Brasil a constatação desta realidade, os editoriais indicam que as diversas recuperações judiciais de empresas privadas exige maior responsabilidade fiscal do governo25, e não dos bilionários donos das lojas Americanas.
Denúncia de Leandro Schmitz no jornal local Folha Metropolitana de Joinville mostra uma empresa terceirizada da prefeitura carregando trabalhadores na traseira de um caminhão baú, trabalhadores indo construir um centro de bem estar animal! A denúncia é de 28 de fevereiro de 2023, o jornalista foi demitido. Ou seja, o Estado Burguês utiliza trabalho escravo em 2023, e o jornalista foi demitido no mesmo dia da denúncia e a notícia foi removida do jornal.26
Denúncia de trabalho escravo nas vinícolas do Rio Grande do Sul em 2023 mostra empresas terceirizadas utilizando trabalho escravo e associações tentam relativizar e justificar o caso. Portanto, o setor privado também utiliza do trabalho escravo em 2023.27
Em todos os casos a desculpa é a mesma: “A empresa terceirizada não tem nada a ver conosco”. Ou seja, além de precarizar a mão de obra literalmente ao ponto da escravidão moderna, a mesma precarização é quem permite a desvinculação do contratante sobre o empregado que está exercendo o trabalho no local, isenta tanto reputacional como juridicamente o causador de tal ato, por sinal, dos mais execráveis de toda a humanidade.
Ironia do capitalismo ou não, nos jornais essa notícia foi veiculada na aba Cotidiano.
É o que nos referimos ao tratar a democracia burguesa como a ditadura da burguesia, e a democracia popular como a ditadura do proletariado.
A evolução da forma de controle e seu estado atual, conforme indicado por Byung-Chul Han foi alterada ao ponto de ser realizada através do próprio indivíduo, vendo a si mesmo como um projeto inacabado, das infinitas possibilidades, necessitando sempre de novo polimento, a sociedade da conquista, não mais do controle ou da restrição, ‘Just do it’, nós reconhecemos mais slogans do que animais ou plantas silvestres. Sendo administrada tanto a vida individual como a vida coletiva através de um viés indivíduo-corporativista completamente alienado do ritmo natural do ser humano, medidas através de metas e produtividade, relatórios, sejam cada qual em sua vida privada ou até setores onde não deveriam fazer parte desta mentalidade, serviços básicos como a saúde, policiamento, educação, até mesmo o governo trabalha o tempo todo com metas.
Para uma compreensão mais à fundo, sugiro a leitura do livro Psicopolítica28. Também identifiquei demais certos aspectos das minhas experiências profissionais conforme descrito no livro A sociedade do cansaço29, ambos de autoria de Byung-Chul Han, o que significa que não se trata apenas da minha perspectiva anedótica, mas algo que aflige grande parte da sociedade. Ele descreve essa mudança entre a sociedade da obediência/repressão, dos limites a serem respeitados para a sociedade das infinitas possibilidades e da positividade tóxica, exausta através da auto-exploração, onde o valor de cada indivíduo se dá pela contribuição ao coletivo, sempre medindo sua performance através da sua produtividade, porém nem mesmo este coletivo possui um objetivo claro daquilo que deseja alcançar, acaba se tornando um salve-se quem puder interminável como caranguejos num balde onde um puxa o outro para baixo tentando escapar e o ciclo se torna eterno sem que nenhum indivíduo logre escapar daquela realidade.
É aí onde começa a fazer sentido um conceito como a economia planificada, planejar a economia visando suprir as necessidades da humanidade e não a produção em massa em busca de lucro sobre lucro. A obsolescência programada também é algo que o capitalismo impõe à sociedade que é totalmente contraditório aos nossos interesses coletivos, dado que somente pela diminuição do consumismo desenfreado, quantos resultados positivos teríamos para o clima e o futuro da humanidade?
Há uma tentativa de despersonalizar a figura do burguês, porque hoje, através de ações fracionadas, o burguês aparenta ser uma figura líquida, dividida entre milhares de indivíduos, alguns inclusive da classe trabalhadora, todos com os mesmos objetivos pessoais de sucesso financeiro. É na verdade a melhor forma de controle do capital sobre o trabalhador, quando este recebe um valor em ações daquela empresa na qual trabalha, ele incorpora a ‘mentalidade de dono’ que tanto o capital exige hoje em dia para garantir a auto-exploração continuada deste indivíduo exatamente como nos demonstra Byung-Chul Han. Ao pensar que o sucesso daquela empresa é tão benéfico para ele próprio como para o fundador ou o acionista majoritário, este indivíduo se escraviza através da paixão, mais do que por uma bonificação ou participação nos lucros em ações da própria empresa. Porém o burguês real ainda existe, quem controla o conselho da empresa, ou mesmo acionistas ocultos, mas que são só isso, acionistas, vivem da especulação e do próprio capital.
Bonificação em ações é uma maneira de controle do proletariado, faz parte da corporativização do indivíduo, mas nesse caso é uma tentativa das grandes corporações de fundirem os objetivos corporativos e individuais para que o funcionário se escravize pela paixão.
A ideologia neoliberal torna o indivíduo um empreendedor em tempo integral, tentando fazer as pessoas acreditarem que “são seus próprios chefes”. Buscando oportunidades e vantagens à todo instante ele não consegue descansar, processar as informações absorvidas durante suas experiências, refletir e gerar ideias para chegar a conclusões próprias, vivendo em uma condição de ansiedade imposta pelas relações de produção atuais, onde raros são os empregos que oferecem regime CLT, com direitos adquiridos na redemocratização, ou seja, ao invés de progredirmos em direitos, somos precarizados ao ponto de o melhor cenário de condição de trabalho seja a condição que tínhamos há 20 ou 30 anos.
Não podemos desconsiderar também a mudança das relações produtivas desde os primórdios da industrialização, hoje vivemos no capitalismo tardio, a era dos NFTs, dos projetos de colonização de Marte, criptomoedas e metaverso. Quer uma situação mais descritiva do capitalismo tardio do que Steve Bannon investir 60 milhões de dólares da Goldman Sachs em fazendas de moedas de ouro no jogo World of Warcraft?!30
Enquanto que a economia planificada traria um objetivo à tão famosa entidade ‘O Mercado’. Essas mercadorias inventadas são o ápice do capitalismo tardio, não tem mais para onde crescer, então o tipo de inovação que o capitalismo gera são sempre estes esquemas de enriquecimento rápido, especulação de moeda virtual, vender imagens na internet por milhões de dólares, todos esquemas que não tardam muito e afundam como golpe, sem muita pesquisa e desenvolvimento envolvida e sem inovação real em solucionar algum problema.
É como diz Mark Fisher em Realismo Capitalista31, é mais fácil imaginar (já nem precisa imaginar tanto assim né) o fim do mundo vivendo num sistema onde é um eterno cada um por si, de forma que a auto-exploração massificada trará inevitavelmente a autodestruição da humanidade. E mesmo que todo o dano cessasse de ocorrer agora mesmo, ainda assim nada disso eliminaria todo o estrago que já fizemos ao planeta e a biodiversidade, já vivemos no chamado apocalipse dos insetos32.
Vemos como todos os caminhos indicam para a necessidade de uma mudança de paradigma radical33. O reformismo se demonstrou ineficaz desde a redemocratização no Brasil34, os avanços conquistados em 20 anos não ofereceram mudanças estruturais suficientes para defender estes avanços do retrocesso neoliberal que veio em sequência, como vimos a precarização do emprego nas reformas introduzidas nos últimos anos35, a destruição da precária segurança social que possuímos.
Voltando a tratar do assunto do neoliberalismo, não se pode deixar de observar como a auto-exploração já é realmente um fato da atualidade, a venda não só da ideia de que se deve trabalhar por fora (um serviço além do seu trabalho rotineiro), a tal da ‘Hustle Culture36, ou ‘cultura do bico’. Trabalhe enquanto eles dormem, entre outras frases de efeito. O movimento de aposentar-se cedo, ou ‘Grind’, trabalhe muito enquanto novo para trabalhar menos quando for mais velho, ou ao menos esta é a promessa. Bizarro como inclusive existem palestras e cursos sobre tais assuntos, ou seja, não só as pessoas aderem à uma ideia de auto-exploração, como também são explorados por terceiros até aprenderem a serem explorados por si próprios, incrível.
Somos cada vez mais tratados como empresas37, realmente. Não só na precarização do trabalho sem vínculos empregatícios, como os contratos de Pessoa Jurídica consistida de um único membro, o trabalhador, mas também nos nossos objetivos de vida, na nossa organização pessoal e financeira, até da nossa privacidade38, não mais apenas organizacional ou corporativo, metas fazem parte da vida de professores, policiais e médicos. A qualidade do ensino não vai cair se a manutenção da carreira de um professor está atrelada a sua taxa de aprovação? O policiamento vai ser justo tendo meta de abordagens e multas? Isso pra mim já é absurdo, a forma como profissões que não deveriam ser mensuradas desta maneira começam a aplicar metodologias neoliberais também.
Porém atualmente o problema é muito maior, absorvemos tais métodos para nossas intimidades e privacidades. Nós como sociedade já nos enxergamos como entes corporativos/produtivos, ora, muitos entregadores e motoristas de aplicativo se auto-intitulam empreendedores.
Por isso acredito ser socialmente permitido por exemplo um tipo de ‘crítica’ social à vigilância constante, como o reality show Big Brother, que faz muito sucesso no Brasil e em outros países.
Podemos criticá-lo à vontade, pois este já é um método de vigilância ultrapassado, hoje a real vigilância vem do próprio indivíduo, auto-exploração se manifesta de diversas maneiras como vimos na intentona de golpe de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Não apenas no quesito profissional, mas assim como somos entidades produtivas, tais contradições nos acompanham dentro e fora do campo laboral, exemplo de criminosos que filmam o próprio rosto enquanto cometem crimes e publicam vídeos sobre o cometimento de tais crimes na internet, entende? O indivíduo já pode ser considerado seu próprio algoz, carcereiro e verdugo.
Não é como se fosse uma publicação na deep-web ou um fórum escuso dos confins da internet, hoje a internet é basicamente reduzida à plataformas de redes sociais, e tais exemplos se apresentam exatamente nestas plataformas.
A Luta de classes se mostra mais real que nunca, analisando o fenômeno fascista brasileiro dos últimos anos podemos avaliar inclusive a distorção temática que o assunto recebeu com as décadas de influência ideológica, vejamos como um exemplo muito claro a questão da criminalidade. Tentando sair da confusão linguística que o tema traz, cabe esclarecer então que o problema da criminalidade, removida a cortina ideológica, é um problema que trata do sujeito perpetrador do crime, mais do que o crime em si mesmo. Veja que quando há uma tentativa golpista no país e os perpetradores são presos, o crime não tem relevância nenhuma, fascistas clamam inclusive por direitos humanos para seus ‘compatriotas’, agora se o indivíduo for periférico e cometer um furto famélico de 30 reais, para estas mesmas pessoas o ‘bandido bom é bandido morto’. Excluamos todo o julgamento de valores na questão de motivação e etc..
Atendo-se fria e somente à pergunta “É crime?”, ambas as respostas são sim. Portanto, qual a variável restante para determinação do destino do bandido? Direitos humanos ou morte são os 2 argumentos que ouço vindo destas pessoas, nada no entremeio e a única variável restante, considerando que ambos os casos são cometimentos de crimes, sobra apenas o perpetrador como fator determinante do destino delegado ao indivíduo. Se for negro, pobre, periférico, lbgtqia+, neurodiverso, indigena, etc.. nestes casos, bandido bom é bandido morto. Já se for um ‘compatriota’, ou seja, outro fascista, eles conseguem ter compaixão pelo próximo e pedir por direitos humanos depois de 20 anos de reclamação exatamente sobre os tais direitos humanos e acusações de que somos todos esquerdistas defensores de bandidos? Que rápida evolução pessoal e coletiva esse pessoal passou, não? Tais contradições tão explícitas só me vem à confirmar que não é ingenuidade ou ignorância, mas verdadeira má fé, afinal, não são anjinhos, são golpistas.
Pode-se ler mais sobre em textos como “Com quantos paus se faz uma canoa? Eleições, fascismo e bolsonarismo",39 da Bruna Della Torre no blog da BoiTempo.
Um ponto importante de distinção da discussão sob a visão comunista da análise material e sem juízo de valor individual é conseguir diferenciar entre conceitos do âmbito individual e questões da camada social, pois de fato todos tem o direito de buscar viver sua vida da melhor maneira possível, e sabemos que para muito mais da metade da humanidade isso significa na prática o direito de sofrer menos durante sua vida, não gozar de mil prazeres, porque os dados são irrefutáveis em questão de pobreza, desemprego, inflação, fome, etc. em qualquer país do mundo, praticamente..
Nos Estados Unidos que é o conceito de sucesso capitalista tem um problema enorme com a taxa de suicídios, mas se teoricamente deveria ser o país mais próspero e rico, porque passa por tal situação? Porque tantas pessoas em situação de rua num dos pólos do capitalismo? São 586 mil sem tetos nos EUA em 2023.40
Abordando o assunto da educação mental, o próprio termo ‘saúde mental’ já me desagrada, pois dizemos ‘educação física’, não saúde física, ‘saúde mental’ implica um estigma de doença.
Um ponto decisivo no meu entendimento sobre a depressão foi ouvir pela primeira vez o termo Depressão Congruente (Congruent Depression), no canal HealthyGamerGG41, diferentemente da depressão clínica que pode ser avaliado como um episódio depressivo, portanto, passageiro, a depressão congruente vem quase que de um movimento Pavloviano da sociedade para o indivíduo, no qual as condições de existência de determinadas pessoas sejam tão ingratas que sofrem de depressão durante anos ou décadas, não por ter um tipo de depressão por si próprio, mas sim por viver sob condições de vida terríveis.
Fomos tão alienados intelectual e socialmente para nos conformarmos com o capitalismo atual e isso é feito de uma maneira tão subliminar e ‘natural’ devido ao status quo e da ideologia neoliberal, que não ousamos sequer questionarmos diferentes possibilidades de existência.
Iniciativas de reinserção de pessoas marginalizadas à sociedade por meio de uma oportunidade de trabalho, com lugar onde viver e condições mínimas de segurança diária da sua sobrevivência já traz por si só, grandes impactos.42 Mas vale ressaltar que a inclusão ainda é ao sistema capitalista, causador de todo este problema que foi mencionado já no decorrer do texto, é transformador no nível individual e isso não pode ser menosprezado de maneira alguma, mas não é transformador no nível sistêmico. Estamos puxando mais pessoas para dentro do barco capitalismo.
Desvio positivo43 é um conceito que também aprendi recentemente, a compreensão de que existem problemas e soluções, entender que para cada problema existe uma solução ou mais soluções, ou seja, as soluções existem, se não tivessem solução não seriam problemas, seriam fatalidades. Assim, devemos observar quais são as soluções existentes e replicá-las em escala suficiente para o problema em questão.
Capitalismo Límbico44 é a concepção de metodologias neuro-bioquímicas de manutenção da utilização de diversas mercadorias modernas, basicamente, formas de viciar seus usuários, aumentando o tempo de atenção gasto em seus produtos de forma que seus lucros em publicidade sejam expandidos, já que como diz a famosa frase: “Quando não se paga pelo produto, o produto é você”, se torna interessante ao capitalismo moderno a mesma lógica dos vícios do capitalismo do século XX, tabaco, drogas, cassinos, etc. Porém aplicados à individualidades, através de algoritmos programáveis, barras de rolagem infinitas, joinhas, comentários e mil formas de tornar a utilização o mais interativa o possível e manter o usuário focado naquela janela pela maior quantidade de tempo possível.
Vou aproveitar o tema Capitalismo Límbico e vou tentar resgatar um conceito que tem sido muito deturpado pelas novas gerações de maneira equivocada, eu também não entendi quando era criança e assisti pela primeira vez o filme do Matrix, mas quando Neo escolhe entre a pílula azul e a pílula vermelha, não tem nada a ver com a recente moda do ‘redpill’45, que é só um movimento incel misógino, onde os adultos, acreditando realmente em tais ideias ou não, vendem cursos de coaching de masculinidade (do pior tipo possível) na internet para jovens e adolescentes.
Mas retornando ao filme e ao redpill como apresentado no filme, o que ocorre é que Neo tem seu corpo biológico escravizado pelas máquinas até então, sua mente é mantida em uma alucinação controlada por programa de computador, a Matrix. Submerso em um recipiente com um líquido, algo como um ovo, e todos os humanos são assim cultivados por sua bioeletricidade pelas máquinas. Ao tomar a pílula vermelha (redpill), esse corpo submerso rejeita a imposição das máquinas, despertando desta alucinação controlada e desconectando-se dos cabos de alimentação que sugam sua energia.
A crítica aqui é sistêmica, a realidade subjetiva que criamos entre nossas mentes e a realidade material, a ideologia que nos nossos tempos se demonstram suportando o Capitalismo para sua auto reprodução e continuação eterna, independente das crises cíclicas.
A própria cena do filme da desconexão é exatamente a descrição audiovisual do termo ‘capitalismo límbico’, ou da liberação de um homem subjugado pelas máquinas e cuja existência serve meramente para o fornecimento de atenção para que esta possa ser canalizada e vendida por uma grande corporação não é tão diferente assim do que o cultivo de humanos por eletricidade como no roteiro do filme.
Os vícios da nova sociedade são uma máquina de dinheiro para o capitalismo. Veja quais são as maiores empresas mundiais e se não tem nenhuma relação com manipulação de dados via tecnologia.
Somos nós no século XXI os ratos de laboratório que apertam botões em troca de uma dose de cocaína. A nova guerra do ópio, a economia da atenção. Alguns lucram enquanto outros se viciam.
Estava navegando na loja de jogos outro dia e fiquei abismado ao ver o gênero de jogos Simulação de Encontros / Dating Sim.
Me senti em um episódio de Black Mirror, mas ao mesmo tempo, somente mais uma outra sexta-feira comum. Além disso, culturalmente o tema tem se apresentado em maior intensidade, como em filmes e livros, como mesmo em jogos voltados para a interação IA/humano desde os anos 2000.46
O Capitalismo está nos absorvendo como seres vivos para sua própria reprodução e manutenção. A exploração bioquímica do humano para vender publicidade através do tempo gasto pelo usuário na plataforma, é exatamente essa situação de submissão na qual a humanidade foi colocada no filme Matrix.
40 anos de discurso de “Não há alternativa” é o suficiente para matar a criatividade e engenhosidade humana para não sermos capazes de elaborar uma saída em conjunto deste problema? O Individualismo nos separou tanto uns dos outros que não temos mais nenhuma perspectiva comunitária de longo prazo?
Acredito que seja cabível uma análise realista sobre a utopia e como acaba sendo irônico que seja tão imputada ao socialismo que nunca paramos para analisar a realidade., de que utópico na verdade é o capitalismo. Utópico é acreditar que o capitalismo tem condições mínimas de solucionar a crise climática, acreditar que o capitalismo tem a menor vontade que seja para aliviar a carga da massa explorada, quão menos ainda maneiras para fazê-lo.. Pois então, utópico é o capitalismo, não o marxismo, não o socialismo.
Vou além nesse raciocínio, assim que ocorra uma experiência socialista totalmente livre de sanções, bloqueios, ataques e conspirações internacionais e esta mesma experiência falhe miseravelmente na tentativa de minimização do dano causado pelo ser humano contra o planeta, uns contra os outros e contra si próprio, aí podemos começar a discutir a possibilidade de o socialismo ser utópico ou não.
Assunto horrível de se refletir sobre, mas nesses tempos, que mais podemos fazer? De que adiantaria lutar contra meus demônios pessoais se ainda assim caminhamos como sociedade rumo ao suicídio coletivo?!
Ao tentar falar sobre tais assuntos comumente somos apontados como conspiracionistas, mas quem diz isto é o próprio presidente da ONU (Organização das Nações Unidas).47 Já abordamos a extinção planetária em massa anteriormente.48,49
Ainda sou iniciante na teoria marxista então uma dúvida que tive logo de começo foi: Em que momento eu deixo de ser um analista e me torno um idealista, me mantendo dentro do materialismo dialético? A resposta que obtive é que as projeções e planos dentro das condições materiais são ainda consideradas materialistas. Basicamente, se ater a planos realistas e possíveis.
Neste capítulo vou me aventurar um pouco na teoria da organização com foco na situação brasileira e uma eventual revolução brasileira, o que espero ter demonstrado no decorrer dos capítulos anteriores que não existe a possibilidade de aguardar para que futuras gerações colham os frutos e executem a tarefa que nos foi históricamente dada, não existe mais o luxo de pensarmos que lutamos por uma revolução no porvir, que lutamos para criar algo que fluirá apenas nas próximas gerações e que na realidade devemos apressar estas metas para esta década, arriscando a extinção e o suicídio coletivo planetário.
Imagino por exemplo que a reforma agrária possui um papel fundamental nesse processo da revolução brasileira, pois com a aplicação do agroflorestamento produtivo no Brasil nos trás a oportunidade de ao mesmo tempo expandir projetos de financiamento internacional como o Fundo Amazônia, por exemplo, determinando globalmente um valor representativo do metro quadrado de terra preservada e usar isto como moeda de economia verde, podendo ser até mesmo um destes NFTs que estão em moda hoje em dia para agradar ao grande público e colocar o assunto na conversa popular, mas ao invés de pura especulação, fazer um NFT da preservação amazônica? Quantos metaversos não vendem terrenos virtuais e fazem dinheiro mundo afora e porque não usamos nós destes produtos para expandir os nossos propósitos, como mencionado na proposta anteriormente oferecida?
Porém precisamos chegar a um valor mensal para o metro quadrado de terra preservada, determinar tamanhos de terrenos e famílias para assentamento, porém não possuo conhecimento organizativo nenhum neste sentido, por isso fica uma proposta meio em aberto, sem uma definição clara, mas nacionalmente temos movimentos sociais com mais de décadas aos quais podemos recorrer para informação e apoio, obviamente não tenho intenção de forçar a aceitação das minhas concepções sem questionamento, portanto fica aberta a proposta para a discussão coletiva e decisão conjunta, também integrando a população no projeto, evitando que caia numa tecnocracidade dos nfts tanto quanto evita que caiamos num dito academicismo, por mais que eu não seja formado em nada.
Ao meu ver parece o plano perfeito para a implementação de uma reforma agrária no nosso país, as pessoas terão sua subsistência garantida pelo valor internacionalmente definido (por nós em uma negociação internacional) da preservação e todos temos direito constitucional a uma residência, não parece maravilhoso? Porém quando a conversa começa a entrar neste âmbito de ‘plano perfeito’, ‘maravilhoso’, meu alerta de idealismo já acende e não permitir que seja apenas um idealismo é a tarefa apresentada para esta situação, mas desenvolver e aplicar estas ideias é uma tarefa coletiva, que envolve organização política e social de massas só para iniciar a aceitação da proposta e consequentemente sua implementação. Ou seja, a responsabilidade para que não caiamos no idealismo não é tanto da teoria, mas da vontade e a aplicação dessa transformação que sim, é radical. Mas novamente se faz importante ressaltar a questão: o que nossos tempos nos pedem? Mudanças radicais, revolução ou extinção.
Minha proposta de trabalho da terra acredito cabível para grande parte do país envolve o agroflorestamento, que quando bem trabalhado oferece além da criação de solo fértil (alta carga orgânica em constante decomposição), a produção alimentícia nos 4 estratos de vegetação, sendo estes o nível rasteiro, nível arbustivo, árvores de baixa estatura e árvores de alta estatura, num condensado de culturas alternadas, tratando também do problema da monocultura e uso excessivo de agrotóxicos e cuidado com a biodiversidade.
1 - Climate change is hitting the planet faster than scientists originally thought
2 - Energy Mining, Earth’s Thermal Insulation Damaged and Trigger Climate Change
3 - Antarctic iceberg impacts on future Southern Hemisphere climate
4 - IPCC climate report: Earth is warmer than it’s been in 125,000 years
5 - Are We in the Middle of a Sixth Mass Extinction?
6 - ‘Unnecessary bureaucracy’ hampering climate change efforts - OMFIF
7 - Climate Change: Global Temperature Projections
Indonesia's capital is rapidly sinking into the sea : NPR
8 - Os efeitos do crime ambiental da Braskem na educação de Maceió - Agência Pública
9 - Extreme Weather Events Have Increased Significantly in the Last 20 Years - Yale E360
10 - Air Pollution in World: Real-time Air Quality Index Visual Map
11 - Evidence that the Great Pacific Garbage Patch is rapidly accumulating plastic | Scientific Reports
12 - 'They're everywhere': microplastics in oceans, air and human body
13 - Research highlights: impacts of microplastics on plankton
14 - Pesticides in rivers, lakes and groundwater in Europe
15 - Models show Tonga eruption increases chances of global temperature rising temporarily above 1.5 C
16 - Global Tonga tsunami explained by a fast-moving atmospheric source | Nature
19 - On the ‘Cancer Train’ of India’s pesticides | Health | Al Jazeera
20 - Generating toxic landscapes: impact on well-being of cotton farmers in Telangana, India
23 - The Future of Work - Agility and Adaptability
24 - Americans are being lied to | Richard Wolff and Lex Fridman
25 - Cenário adverso também para empresas
Brasil resgatou 918 vítimas de trabalho escravo em 2023, recorde para um 1º trimestre em 15 anos
Produtores de vinho do RS tentam justificar trabalho escravo em vinícolas | Abril
Sem água, comida e banheiro: 56 trabalhadores são resgatados em plantação de arroz no RS
28 - Psychopolitics - Byung-Chul Han, Ed. Verso. 2017.
29 - The Burnout Society - Byung-Chul Han, Ed. Stanford Briefs, 2015.
30 - Inside Steve Bannon's Little-Known World of Warcraft Career | WIRED
31 - Capitalist Realism: Is There No Alternative? - Mark Fisher, 2009.
32 - The Insect Apocalypse Is Here - The New York Times
The insect apocalypse: ‘Our world will grind to a halt without them’
Insect decline in the Anthropocene: Death by a thousand cuts | PNAS
33 - Daily briefing: ‘Scientists should consider civil disobedience’
Civil disobedience by scientists helps press for urgent climate action
Debate: Do We Need to Get Radical About Climate Change? - Our World
Why We Need Radical Change – Climate, Justice and Energy Solutions
34 - Sobre os erros reformistas na luta camponesa - A Verdade
35 - STF e a pejotização de profissionais liberais: terceirização ou fraude?
36 - Hustle Culture: Definition, Impact and How to Overcome It
The Burnout Society: Hustle Culture, Self Help, and Social Control | 1Dime
37 - Human Capital and Self-entrepreneurship. The concept of robbed time
38 -
I - “A sociedade da transparência segue precisamente a mesma lógica que a sociedade do desempenho. O sujeito do desempenho é alguém livre da instância do domínio externo que o obriga a trabalhar e o explora no trabalho.
Mas a derrocada da instância de domínio não leva a uma real liberdade e falta de coação, uma vez que o sujeito do desempenho também se auto-explora; ou seja, o sujeito que explora é ao mesmo tempo o sujeito explorado. Agressor e vítima aqui coincidem. A auto exploração é muito mais eficiente que a exploração do outro, pois é acompanhada de um sentimento de liberdade; o sujeito do desempenho submete-se a uma coação livre, autogerada.” Byung-Chul Han, Sociedade da Transparência, pág 112. Editora Vozes, 2017.
II - “Vivemos, hoje, em uma era pós-marxista. No regime neoliberal, a exploração não ocorre mais como alienação e auto desrealização, mas como liberdade, como auto realização e auto-otimização. Aqui não há mais o outro como explorador, que me obriga ao trabalho e me aliena de mim mesmo. Antes, eu exploro voluntariamente a mim mesmo, crente de que, assim, me realizo. Essa é a lógica pérfida do neoliberalismo. Assim, também o primeiro estágio do Burnout é a euforia. Lanço-me euforicamente no trabalho, até que eu, por fim, desmorone.
Eu me realizo até a morte, me otimizo até a morte. A dominação neoliberal se esconde por trás da liberdade ,ilusória. A dominação se consuma no momento em que ela coincide com a liberdade. Essa liberdade [apenas] sentida é fatal, na medida em que ela não permite nenhuma resistência, nenhuma revolução. Contra o que deve se dirigir a resistência? Não há, afinal, mais nenhum outro ponto do qual parta uma repressão. O truísmo de Jenny Holzer “proteja-me do que eu quero” expressa certeiramente essa mudança de paradigma.” Byung-Chul Han, A expulsão do outro, pág 68. Editora Vozes, 2022.
39 - Com quantos paus se faz uma canoa? Eleições, fascismo e bolsonarismo
40 - Homelessness in America 2023: Statistics, Analysis, & Trends | Security.org
41 - To Help Gamers on Twitch, Dr. K Balances Mental Health Advice With Medical Ethics
43 - The Positive Deviance Approach
45 - TV Folha fala sobre o movimento 'red pill' e sua relação com a misoginia online
46 - Are You Ready for an AI Girlfriend?
47 - Humanity faces ‘collective suicide’ over climate crisis, warns UN chief
48 - ‘A wake-up call’: total weight of wild mammals less than 10% of humanity’s | Wildlife | The Guardian
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